As doenças autoimunes (DAI) são um grupo de doenças relacionadas entre si, que envolvem qualquer órgão ou sistema do nosso organismo. Inclui doenças que atingem simultaneamente ou sequencialmente esses órgãos ou sistemas e outras dirigidas especificamente contra alguns deles, como sejam o sistema nervoso, os aparelhos digestivo e respiratório, pele, sangue, olhos, articulações e glândulas endócrinas, entre outros exemplos. O problema é o mesmo em todas as doenças autoimunes: o sistema imunitário fica desorientado, atacando o próprio corpo e os órgãos que deveria proteger.
Os cientistas não compreendem ainda totalmente o sistema imunitário e o que leva o nosso organismo a produzir um ataque contra si próprio. Normalmente o sistema imunitário protege o nosso corpo dos microrganismos externos, por exemplo, por meio de anticorpos, que são proteínas especiais que reconhecem e destroem os invasores.
As doenças autoimunes ocorrem quando estes anticorpos atacam as células do próprio organismo, tecidos e órgãos. Há sabidamente alguns fatores desencadeantes que podem ter importância no desenvolvimento de uma doença autoimune: as bactérias, os vírus, as toxinas, os hormônios, o stress e alguns fármacos podem desencadear uma resposta autoimune em pessoas que tenham uma predisposição genética.
Os sintomas são variáveis de uma doença para outra e até dentro da mesma doença. A mesma doença pode ter sintomas muito diferentes em várias pessoas e em várias idades. No caso do aparelho digestório, as DAIs mais comuns são as doenças inflamatórias intestinais, pancreatite autoimune, gastrite autoimune, hepatite autoimune e colangite autoimune.
As doenças autoimunes são das doenças mais difíceis de reconhecer e de diagnosticar. Cada doença pode ter uma gravidade ligeira ou ser muito grave. Para que os doentes possam viver melhores e mais tempo é necessário um diagnóstico mais rápido para que o tratamento possa ser iniciado precocemente.
Como se trata de doenças que podem ser confundidas com qualquer outra doença, é muitas vezes difícil chegar a um diagnóstico só com um exame. A grande arma para orientar os exames é a história clínica (escutar as queixas dos doentes) e perante os antecedentes do doente e da família escolher cuidadosamente os exames a realizar. A atitude de realizar rapidamente todos os exames não produz um diagnóstico mais rápido, pelo contrário. Deve ser o seu médico assistente a orientar a realização desses exames.
Vale ressaltar que, apesar de serem doenças ainda sem cura, a maioria delas apresenta tratamento que proporciona uma melhor qualidade de vida, controle da inflamação e previne as complicações no órgão-alvo. As medicações, chamadas de imunomoduladores e imunomssupressores, em sua maioria, estão disponíveis pelo Ministério da Saúde de forma gratuita.