Dicas de Saúde

Mitos e verdades sobre os efeitos da bebida alcoólica em seu fígado

By 4 de novembro de 2019 fevereiro 18th, 2020 No Comments

1) A agressão do álcool sobre o fígado depende do tipo de bebida alcoólica. O efeito agressor do álcool sobre o fígado dependerá da quantidade de ingerida ao longo da semana. As bebidas fermentadas, como cerveja e vinho costumam ter um teor alcoólico inferior às bebidas destiladas, como uísque e vodica. Assim, para uma mesma quantidade ingerida de bebida de vinho, o dano será inferior com relação à vodica, pois a quantidade etilíca será inferior. Lembre-se, contudo, que algumas bebidas, como a cerveja, têm alto índice glicêmico, o que significa que sua ingestão provocará um acúmulo de glicose no fígado, o qual potencializará o dano álcool sobre este órgão.

2) A mais mulheres são mais susceptíveis aos danos do álcool sobre o fígado. Há fatores inerentes à própria pessoa que determinarão um maior ou menor grau de agressão do álcool sobre o fígado e o sexo é um destes. Assim, a mesma quantidade de bebida alcoólica lesa mais o fígado de mulheres do que de homens, devido a fatores hormonais e enzimáticos. Teores alcoólicos superiores a 20g de etanol/dia já são considerados potencialmente lesivos para a mulher, enquanto para o homem esse valor é o dobro.

3) A cirrose é causada pelo álcool. Apesar de continuar sendo a causa mais frequente de doença crônica avançada do fígado (cirrose), há outras causas para este grave problema como hepatite por vírus, doenças metabólicas (que levam ao fígado gorduroso), doenças autoimunes e causas genéticas. Além do mais, quando duas causas se sobrepõem, como é frequente observar no caso do álcool com a infecção pelo vírus da hepatite C, a progressão da cirrose é mais rápida e confere um risco maior ao câncer do fígado, conhecido como hepatocarcinoma.

4) Quem tem ressaca é a pessoa que está susceptível aos danos do álcool sobre o fígado. Os sintomas da ressaca estão ligados ao tipo de bebida, sensibilidade do indivíduo e excesso do consumo de álcool. Contudo, o consumo frequente desta substância torna o corpo cada vez mais tolerável aos seus efeitos negativos, necessitando de doses cada vez maiores para haver ressaca. Ao contrário do que se pensa, este é um dado indicativo de gravidade no alcoolismo e potencialidade no desenvolvimento de doença hepática.

5) Qualquer quantidade de álcool faz mais ao fígado. Graças ao potencial regenerativo das células do fígado frente a uma agressão, o consumo de pequena quantidade de álcool permite ser metabolizada sem alterar significativa sua função. Contudo, a real quantidade segura não é fácil de ser estipulada, pois o dano depende exclusivamente da quantidade de álcool ingerida, mas também de fatores individuais e outras doenças associadas, como diabete e obesidade. Estudos científicos demonstram que uma dose aceitável seria de 10g de etanol por dia ou 70g de álcool por semana, o que na prática significa duas latas de cerveja ou duas taças de vinho uma a duas vezes por semana.

6) Não vale a pena parar de beber, quando a pessoa já tem cirrose. Devido à capacidade expressiva de regeneração do fígado, mesmo em estados graves de cirrose, a interrupção do álcool, apesar de não conseguir reverter por completo a doença, pode melhorar significativamente a inflamação do fígado e, em algumas vezes, até reduzir a fibrose do órgão. Isso significa que a doença pode estabilizar, melhorar e resolver muitos dos sintomas causados, apenas pela suspensão completa de bebida alcoólica. Ao contrário, a continuação do seu consumo pode acelerar a doença e encurtar a expectativa de vida do paciente.

7) Não faz mal beber apenas aos finais de semana. Sabidamente reconhece-se atualmente que a ingestão de álcool apenas aos finais de semana pode ser tão maléfico quanto o seu consumo diário, a depender da sua quantidade. A repetição do abuso de álcool, seja ela diária ou apenas aos finais de semanas, pode causar inflamação do fígado (hepatite alcoólica) e evoluir para a cirrose.

8) As pessoas que bebem e não tem sintomas, não têm doença no fígado. Geralmente até fases mais avançadas de doença do fígado, a pessoa poderá não apresentar nenhum sintoma. A evolução da inflamação do órgão até a instalação de uma doença avançada, cirrose, ocorre de maneira silenciosa, sem que o paciente perceba. Ao apresentar sintomas, como amarelão nos olhos (icterícia), perda de peso, água na barriga (ascite), vômitos de sangue e confusão mental, o paciente já se encontra as fases terminais da doença.

9) A principal forma de tratar a doença do fígado pelo álcool é parar de beber. Nenhum tipo de tratamento, seja ela com ervas, florais, medicamentos homeopático ou alopáticos são capazes de evitar a evolução da inflamação do fígado, se o paciente não parar de beber. É importante ressaltar que o álcool não é lesivo apenas ao fígado, como também ao pâncreas, nervos, cérebro e muitos outros órgãos, podendo também nestes locais causar doenças graves e algumas vezes até irreversíveis.

Dra. Carmem Alves
CRM/DF 10453